9 de fev. de 2009

CICLOTURISMO NO VALE EUROPEU(S.C.), por GERALDO DZIERVA


Olá pessoal!
O jacusDe2rOdas tem o prazer de oferecer á todos um relato de cicloturismo no "VALE EUROPEU" (S.C.) feito pelo meu aluno de ciclismo indoor, Geraldo Dzierva e marido de minha querida e também aluna Zélia Dzierva, ambos apaixonados pela bicicleta.
Neste relato, que é um verdadeiro guia para quem pretende trilhar uma das mais bonitas regiões do Brasil, Geraldo teve a companhia de seu filho, Guilherme Dzierva, e de seu amigo, Armando Mazarotto, que juntos partiram de curitiba para uma inesquecível viagem!
Boa leitura e se delicie com esse relato.

Caso queira imprimir o documento acesse o link abaixo e faça o download:

BAIXE O ARQUIVO EM P.D.F.


I - A idéia

Tudo começou com a intenção do Américo Vieira (www.biketourclub.com.br) em organizar uma viagem de bicicleta de Curitiba até Porto Alegre. Muito se conversou a respeito, mas por diversas razões a intenção ficou em si mesma, sem realização.

O assunto serviu para despertar a vontade de um passeio mais longo, não tanto quanto Curitiba a Porto Alegre, nem tão simples quanto o pedalar entre os parques de Curitiba ou de um dia de cicloturismo planejado. Deveria ser uma quase aventura sem muito risco e se possível com algum conforto.

O Circuito do Vale Europeu, em Santa Catarina, se mostrou perfeito para o propósito.

Eleito o destino, o estágio seguinte seria reunir um grupo, composto de seis ou no máximo sete pessoas. Porém após vários convites, talvez devido à data escolhida, um a um dos convidados foram desistindo, com alegações diversas. Às vezes até parecia que a viagem poderia não se realizar, pela quantidade de nãos recebidos.

Restaram eu, Geraldo Dzierva, meu filho Guilherme e o Armando Mazarotto. Se não era o número pretendido de pessoas, pelo menos éramos três, dispostos a percorrer o circuito.

Já havíamos conversado com o Gusso, para que o mesmo fosse nos levar e ao final do passeio nos buscar. Essa alternativa se mostrou desinteressante do ponto de vista financeiro, já que o grupo ficou reduzido.

Passamos então a planejar este passeio como meio de adquirir, o pouco que fosse, de experiência, auto-suficiência e independência em viagem de bicicleta. O número reduzido de participantes acabou facilitando a alteração dos planos (pelo menos eram poucas as opiniões discordantes).

Novos detalhes deveriam ser resolvidos: bagageiros, alforjes, malas-bike e transporte. Pelo menos dominaríamos os atos de desmontar, embalar, e remontar as bikes. Dependentes de automóvel, desta vez iríamos embarcar em ônibus de linha, com bikes e mochilas.

Para completar, foram providenciadas reservas nos locais de pernoite.

Vencidas todas as etapas, no dia 20/06/2008, uma sexta-feira, às 18:15 hrs embarcamos em Curitiba pela empresa Viação Catarinense, com destino a Timbó.

Começava de forma concreta a realização do nosso passeio!

II – O Circuito

O Circuito do Vale Europeu (www.circuitovaleeuropeu.com.br) foi planejado para ser percorrido preferencialmente de bicicleta, não

obstante existir uma variação do caminho destinado a mochileiros. Partindo de Timbó, passa pelas localidades de Pomerode, Indaial, Rodeio, Dr. Pedrinho, Alto Cedro, Palmeiras e finalmente termina onde se inicia: Timbó.

Para se obter o certificado de conclusão do circuito, é necessário retirar o passaporte na Associação Vale das Águas / Restaurante Thapyoka, em Timbó – SC (Av. Getúlio Vargas 201 – Centro, fone: (47)3382-0198). No mesmo local, pode-se obter o guia, em forma de livreto, contendo as planilhas necessárias para orientação do caminho.

O referido passaporte deve ser carimbado nos locais de passagem, que podem ser os hotéis e pousadas ou outros locais específicos, como as Prefeituras.



Ao final, com o passaporte devidamente carimbado, é emitido o Certificado de Conclusão do Circuito.

Ao longo das estradas, foram feitas algumas marcações em postes, na forma de uma seta amarela, que auxilia bastante e confirma o rumo a ser seguido.

1. Timbó a Pomerode – 21/06/2008 – Sábado – 45,9 km.


Chegamos a Timbó, a Pérola do Vale, vindos de Curitiba, às 23h30min do mesmo dia 20/06. Deixamos tudo no Hotel Timbó Park e fomos jantar no Restaurante Thapyoka, onde já nos aguardavam o Américo e o Danilo Nogueira, que pedalariam conosco no primeiro dia.

O Gilmar Kroenke, nosso guia local que providenciou todas as reservas e nossos passaportes, também apareceu no restaurante.

Combinamos todos os detalhes e horários para o dia seguinte, quando seria iniciado o primeiro trecho do circuito, que vai de Timbó a Pomerode, perfazendo 45,9 km. A única dificuldade prevista seria a subida dos 28 aos 31 km, no rio Ada, que na verdade acabou não representando muita dificuldade. Em seguida seria praticamente só descida, até Pomerode.

Com tempo ótimo e temperatura excelente foi uma pedalada tranqüila. Chegamos ao final do passeio previsto para o 1º dia em Pomerode por volta das 14:30 hrs. No portal da cidade existe um posto de informações turísticas da Prefeitura, onde se pode carimbar o passaporte.

Este primeiro dia ainda não estava completo. Teríamos que ir até a Pousada Blauberg, um pouco distante do portal, para pernoite. No caminho, o Gilmar, o Armando e o Guilherme subiam e desciam os meio-fios como se estes não existissem, aumentando as chances de furo de pneu, tipo “mordida de cobra”. Foi o que acabou acontecendo com o Guilherme. Como já estávamos próximos do destino, chegamos empurrando as bicicletas, deixando o conserto para o dia seguinte.

À noite, para o jantar foram sugeridas pelo proprietário da Pousada duas pizzarias: uma simples e outra melhor. A simples poderia ser não sei, talvez nem estivesse aberta, talvez... Optamos pela melhor: La Spezia (que ao final nos espetou uma bela conta). Pedimos um táxi e lá fomos nós.

Para quem não conhece a vida em cidades pequenas, causa um pouco de surpresa a confiança das pessoas. Como havíamos combinado com o motorista para que o mesmo nos buscasse após o jantar, este não quis cobrar na ida. Ao final avisamos o motorista, através de seu telefone celular, e o mesmo, em instantes, como por encanto, logo estava a nossa espera. Pagamos as duas corridas no retorno para a pousada.

Ainda no Restaurante La Spezia, foi travado um diálogo difícil com o garçom. No cardápio constava uma pizza com presunto e mais alguma coisa, que deram o nome de Pizza com Proscuitto (que afinal estava muito boa). De pronto percebe-se que houve inversão na grafia. Pelo pouco que conhecemos da língua italiana concluímos que deveria ser prosciutto (pronuncia-se algo como proschiútto).

Explicado ao garçom que talvez ali houvesse um erro, este permaneceu inflexível. Parecia atendente de tele marketing, seguindo fielmente o script: então mesmo assim o Senhor vai querer a com proscuíto? Pronunciou prosqüíto teimosamente pela enésima vez. Bolas! Será que o dono da pizzaria sabe o que está escrito? Poderíamos falar com ele, com o gerente, mas pensando melhor, com um garçom teimoso destes que fique assim.

Comentado o fato com o Wido Schreiner, este respondeu: também o que vocês queriam? Em Pomerode (a cidade mais alemã do Brasil), deveriam procurar um restaurante com comida típica alemã. Vão logo procurar uma pizzaria?

2. Pomerode a Indaial – 22/06/2008 – Domingo – 40,9 km.

A meta para o dia seria ir de Pomerode a Indaial e de Indaial a Rodeio, num total de 69 quilômetros, com um trajeto que não exigiria dificuldade física. Apenas algumas subidas não muito fortes.

Assim, fizemos alguns sanduíches na pousada, aproveitando para pegar umas bananas da mesa de frutas, preparamos as bikes, consertamos os furos de pneu do dia anterior e saímos.

Neste dia, o Américo e o Danilo seguiram caminho próprio. Mas tivemos a companhia do Neto, filho do dono da Pousada Blauberg, que resolveu fazer conosco uma parte do trajeto de Pomerode a Indaial.

No caminho entre a pousada e o marco zero, o eixo da roldana guia, do novo câmbio traseiro da bicicleta do Armando, soltou e quase foi perdido, possivelmente por ter vindo de fábrica sem o aperto necessário. Posteriormente, na primeira subida, rebentou a corrente da bicicleta do Gilmar.

Com paradas freqüentes para compras e consertos, somaram-se os atrasos. Ao meio-dia tínhamos pedalado apenas 6,0 km! Como faríamos no mesmo dia Indaial a Rodeio, com mais 28,1 km, esses atrasos se mostraram importantes, pois ainda teríamos 63 km pela frente, sem esquecer que no inverno os dias são mais curtos, começando a escurecer perto das 17 h.

3. Indaial a Rodeio – 22/06/2008 – Domingo - 28,1 km.

Passamos por Indaial e seguimos direto para Rodeio. Estávamos com fome e pelo caminho passamos por três lanchonetes, todas fechadas, pois era tarde de domingo.

Lá pelas 15 h encontramos um boteco, onde para comer só havia bolinho de carne. Mas estavam saborosos e muito bem feitos, praticamente naquela hora.

A planilha desta etapa se mostrou um pouco confusa. Primeiro no km 8,9, devido à hora, resolvemos não visitar uma ponte pênsil e seguir à esquerda. O local não está muito bem sinalizado e acabamos nos perdendo, mesmo perguntando para um ciclista que vinha daquela direção.

Mesmo o Gilmar, que conhece a região, se mostrou em dúvida quanto às indicações da planilha, e resolveu seguir o caminho que conhecia.

É costume a Prefeitura molhar as estradas para evitar a poeira. Isso cria uma camada de pó molhado, que vai se acumulando nos pneus, tornando cansativa a pedalada. Às vezes, até mesmo na descida tínhamos que pedalar.

Passando por Ascurra, cruzamos por Rodeio e seguimos até o Villa Paradiso Hotel. Já havia escurecido (em torno das 18:00 hrs), e devido aos imprevistos e a quilometragem percorrida (cerca de 90 km no dia), chegamos cansados.

No hotel recebemos a informação de que se quiséssemos jantar, teríamos que pedir das 19:00 às 20:00 hrs. Depois seria fechado o restaurante. O cardápio na verdade era simples, mais parecendo um pf (prato feito), mas com alguma sofisticação. Dá para dizer que tivemos um jantar e tanto, regado com o bom vinho da vinícola da região, a San Michele.

4. Rodeio a Dr. Pedrinho – 23/06/2008 – Segunda-feira - 47,7 km.

Saímos cedo do hotel, antes das 9:00 hrs. A partir deste dia estávamos sem a companhia de guia ou de outras pessoas. Passamos a pedalar apenas os três. Ainda bem que a partir daí a planilha se mostrou correta!

O dia estava um pouco frio e aproveitamos para enfrentar a “subida dos anjos”, nossa já conhecida, mas no sentido inverso. Trata-se de 8 km de subida aproximadamente! Levamos duas horas para vencê-la. Na verdade até que não foi muito difícil.

Apelidada por nós “subida dos anjos”, porque um proprietário de terras no local, talvez em pagamento a alguma promessa, está colocando um sem número de estátuas de anjos (contamos mais de 30), em tamanho maior que o natural. No mesmo local também há uma estátua do Cristo.

Seguindo o caminho previsto, visitamos a única igreja conhecida no Brasil, construída em estilo enxaimel, que é um estilo arquitetônico de origem germânica.

Chegamos em Dr. Pedrinho por volta das 15:00 hrs. Com tempo de sobra, resolvemos fazer uma manutenção nas correntes das bicicletas, que estavam em situação crítica. Procuramos uma bicicletaria e o que encontramos foi um misto de oficina, bicicletaria e serralheria. O proprietário justificou que tinha serviço urgente e não poderia nos atender, mas nos forneceu um pincel, gasolina e um pedaço de pano (que botões remanescentes denunciavam seu passado de camisa). Após a limpeza, providenciou sabão em pó, água limpa e uma toalha, para que lavássemos as mãos. Foi muita gentileza e não quis cobrar nada (insistimos em alguns trocados ao menos, em retribuição pelo material utilizado).

Na cidade existem o Hotel e a Pousada Bella. Como a pousada estava deserta e para

ser possível a hospedagem teriam de ser quatro pessoas no mínimo, tivemos que ficar no hotel. Trata-se de um estabelecimento bastante simples, talvez até precário em alguns aspectos, mas com atendimento cordial. Nada faltou.

Na hospedagem contratada estava inclusa a janta, na qual pudemos influenciar quanto ao cardápio. Assim, outras pessoas que acabaram por hospedar-se lá, tiveram para o jantar macarrão a bolonhesa.

5. Dr. Pedrinho a Alto Cedro – 24/06/2008 – Terça-feira - 42,5 km.

Novamente procuramos sair cedo, pois até o km 24 estavam previstas algumas subidas. Estávamos na parte alta do circuito.

Cabe registrar que mesmo a planilha indicando dificuldade escala 4, nesta etapa existem subidas nas quais tivemos que empurrar as bicicletas.

Depois do km 24, são planos e descidas, de forma que pelas 14:30 hrs estávamos chegando a Alto Cedro. Foi um dia tranqüilo, sem qualquer incidente.

Aqui foi cometida uma escolha errada. Para se chegar à casa da família Duwe, existem dois caminhos: à esquerda, com 2,5 km de planos e mais a travessia por água ou à direita com 7,5 km, sem travessia por água. Como era 14:30 hrs e eu, Geraldo, mais o Guilherme não estávamos dispostos a testar a travessia de barco, democraticamente, representando a maioria, decidimos ir pela direita.

A estrada serpenteia o morro em volta da represa, com subidas, uma mais íngreme que outra! O Armando permaneceu calado, sem reclamar, mas seu silêncio foi eloqüente...

Chegamos cedo e ocupamos uma casa onde dormiríamos. Mais tarde fomos jantar na casa da família (a refeição estava inclusa na diária).

Pelo cheiro achamos que teríamos feijoada, mas a esposa do Raulino Duwe garantiu que era apenas feijão, arroz, bisteca suína ao forno e salada. Uma comida caseira. Feijão nada! Para nós era mesmo uma feijoada (a receita incluiu até pinhão)!

Comemos muito e bem e fomos dormir lá pelas 20:30 hrs.

Antes, observamos o céu: muito claro e estrelado. A ausência de poluição proporcionou uma visão celeste (ou seria celestial?) espetacular!

6. Alto Cedro a Palmeiras – 25/06/2008 – Quarta-feira - 40,5 km.

Levantamos em torno das 7:00 hrs e fomos tomar café. Fizemos alguns sanduíches e também pegamos algumas bananas, como de praxe.

Depois de acertada a conta e carimbado nosso passaporte, nos dirigimos para a beira do lago, dispostos a enfrentar o barco e não repetir aqueles 7,5 km do dia anterior.

Tentamos algum diálogo, quanto à carga do barco, mas nos foi garantido que dava para os três mais as bikes, os alforges e o barqueiro. Cuidadosamente empurrados para a água iniciou-se a travessia.

O semblante do Armando estava indescritivelmente crispado! Como eu, Geraldo, estava de frente para o Armando, mas de costas para vante, não via o quanto faltava para a água invadir a embarcação. Foi aí que entendi porque nosso barqueiro remava tão delicada e mansamente, sem marolas! Talvez não quisesse encarnar o papel de Caronte nos conduzindo pelo Aqueronte. Qualquer remada fora de jeito poderia abreviar a travessia de forma desastrosa e dantesca.

Mais relaxado, o Armando fez os seguintes registros da travessia:

Após a travessia, são mais dois quilômetros até o ponto zero indicado na planilha, coincidentemente na entrada da Pousada Parador da Montanha.

Aqui cabe um esclarecimento: parece que a diária dessa pousada é proibitiva. Além do mais, foi noticiado pela Revista Bike Action (única revista nacional dedicada a mountain bike), da dificuldade em fazer reservas por parte de ciclistas. Assim, a hospedagem na Família Duwe passou a fazer parte oficial do circuito.

Iniciamos a etapa próximo das 9:00 hrs. Foi o dia mais difícil, não pelo caminho, mas pelas condições climáticas adversas. A temperatura baixou um pouco e durante todo o dia tivemos a companhia de uma garoa forte e intermitente, às vezes quase chuva. Com a associação da umidade com a velocidade, tínhamos a sensação de estar muito mais frio. Devia estar mesmo, pois chegamos ao final enregelados.

Foi providencial uma bela dose de uísque para cada um, no restaurante do hotel onde estávamos sendo aguardados e passaríamos a noite (em Palmeiras).

Como já havia passado da hora do almoço, o restaurante estava fechado, mas poderiam ser preparados sanduíches. Encaramos um dos melhores cheese-tudo! E tudo quer dizer tudo, mesmo! Que sanduíche!

7. Palmeiras a Timbó – 26/06/2008 – Quinta-feira - 54,0 km.

Repetimos pela última vez o ato de levantar por volta das 7:00 hrs, tomar café, preparar sanduíche, abastecer as caramanholas com água, revisar rapidamente as bicicletas e partir.

Neste dia tivemos até o km 18,0, uma seqüência de subidas e descidas curtas, seguidas de uns 8,0 km de descida. Espetacular!

Então veio o tributo a ser pago: aproximadamente 1.800 metros da subida mais íngreme de todas as etapas, que levou 2:00 hrs para ser vencida.

Fomos brindados com as paisagens que se descortinavam à nossa frente. Atravessamos a cidade de Benedito Novo e aí seguimos sempre acompanhando a descida do rio. As boas estradas ajudaram, de forma que o dia rendeu. Foi comum pedalarmos ouvindo o canto dos pássaros e o barulho das águas, seguindo inabalável seu curso...

Daí em diante até Timbó, só descidas, que foram muito bem aproveitadas. Com a leve chuva que havia caído, as estradas ficaram sem poeira. Também não havia barro, devido ao tipo de terreno. Não poderiam estar em melhores condições. Foram aproximadamente 20 km de puro passeio e certa velocidade.

Tínhamos saído de Palmeiras em torno das 8:30 hrs e mesmo com as 2:00 hrs de subida chegamos em Timbó por volta das 13:00 hrs.

Foi indescritível cruzarmos a ponte suspensa atrás do Restaurante Thapyoka. Em respeito aos pedestres, o correto seria a condução das bikes a pé. Mas a ponte estava deserta, então fomos pedalando mesmo. Naquele momento gostaríamos que alguém estivesse testemunhando nossa chegada. Estávamos finalizando o que nos propusemos a fazer. Nem precisaria ser uma comitiva com banda de música...

Após o almoço, ali mesmo no Thapyoka, retiramos na Associação Vale das Águas, os Certificados de Conclusão do Circuito e finalmente fomos para o Hotel Timbó Park.

Nos últimos dias havíamos nos hospedado em hotéis que dispunham apenas do mínimo necessário, no limite da precariedade. Agora, depois de desmontadas e ensacadas as bicicletas nas mala bikes e limpos os alforges, tomar aquele banho quente no Hotel Timbó Park “não tem preço”.

Convivemos a três, por uma semana percorrendo aproximadamente 330,0 km, dividindo as alegrias e as dificuldades, sem qualquer momento de atrito.

Adquirimos experiência para futuras aventuras!

Abaixo: o passaporte carimbado

Certificado de Participação.

III - Comentários:

1. Américo Vieira

Ciclista desde tempos idos mantém sua bicicletaria, a Park Bike, na Rua João Guariza, 638-D, São Lourenço em Curitiba – PR, fone (41)3352-2566, que nunca fecha. Na escolinha, como ele chama, dá aulas de bike para quem nunca pedalou.

Promove passeios ciclísticos imperdíveis, inclusive pelas regiões do Vale do Rio Itajaí, Santa Catarina. Para saber mais, é só visitar www.biketourclub.com.br.

2. Gusso (ou Julio Gusso)

Mais conhecido simplesmente por Gusso, aluga vans para passeios e viagens. Possui muita experiência no apoio a ciclistas, pois sempre acompanha o Américo nos seus passeios. Todos sabem que, se precisar, o Gusso estará logo atrás para o resgate! Fone para contato: (41)9677-6836.

3. Gilmar Kroenke

O Gilmar teve papel importante para a tranqüilidade de nosso passeio. Providenciou transporte entre hotel e rodoviária e pessoalmente garantiu as reservas onde pernoitamos, pois a comunicação com alguns dos hotéis é um pouco difícil. Em alguns locais o telefone celular não funciona e televisão só por antena parabólica.

Nos primeiros dias, serviu de guia, pedalando junto até nos familiarizarmos com as planilhas. Depois teve papel de apoio à distância, ligando para conferir se já havíamos passado pelos hotéis e se estava tudo bem. Caso fosse necessário, faria o resgate.

Atende cicloturistas para o Vale Europeu, raftings e outros programas na região do Vale do Itajaí (visite www.ativarafting.com.br). Vale a pena manter contato com ele.

E-mail gio.kkster@gmail.com. Fone (47)9144-7051.

4. Danilo Nogueira

A atividade do Danilo o faz virar o mundo. Quando suas obrigações permitem, participa dos passeios do Américo. Com ele nunca há tempo ruim. Foi uma grata surpresa sua presença no primeiro dia.

5. Wido Schreiner

O Wido é um ciclista experiente. Independente, faz grandes viagens de bicicleta sem qualquer apoio. Quando o assunto é cicloturismo, suas opiniões são muito importantes.

6. Noções de Mecânica

Além de revisar a bicicleta, é bom conferir o aperto dos parafusos. Saber trocar pneu e consertar câmaras deve ser habilidade normal do cicloturista. É bom ter um daqueles canivetes multiuso, com várias chaves, inclusive com a de emendar corrente. Graças a um destes, foram reparados o câmbio traseiro da bicicleta do Armando e a corrente do Gilmar. Caso contrário, o passeio teria que ser reavaliado já no seu início, pois era domingo e não havia bicicletaria aberta.

7. Levantamento do roteiro e planejamento.

Faça um levantamento e pense em todos os detalhes possíveis: dificuldades, temperaturas a serem enfrentadas etc. Todos os roteiros destinados à prática de ciclismo estão documentados. O Circuito do Vale Europeu disponibiliza as planilhas e manuais na internet (www.circuitovaleeuropeu.com.br).

8. Leve apenas o necessário.

Nos alforges, leve apenas o necessário. Algumas roupas podem ser lavadas e secas durante a noite. Portanto não é preciso carregar excesso de peso.

9. Sair cedo.

É melhor chegar ao destino cedo que tarde. Quanto antes começar a pedalar, melhor: se o dia for quente, aproveitam-se as temperaturas mais amenas. Se errar o caminho, ainda dá tempo de corrigir e chegar com a luz do dia.

10. Sistema de Orientação.

Não é incomum o GPS perder o sinal em locais com “sombras”, como em meio a árvores e subindo encostas. Em 50 km, os erros podem chegar a 2 km. Os ciclocomputadores apresentam erros maiores. O ideal é possuir dois sistemas instalados: um sendo usado como totalizador e outro para as medições parciais. Nesta viagem eu calculava as totalizações e o Armando zerava o ciclocomputador a cada parcial prevista na planilha de orientação.

11. Custos.

Apenas a título de curiosidade e registro, este passeio teve um custo individual de R$ 624,33, com tudo absolutamente incluído, representando menos de R$ 100,00 por dia, tendo em vista que entre o embarque e o retorno foram sete dias. Poderíamos ter gasto menos, mas passamos muito bem e degustamos bons vinhos em todos os jantares.

12. Conclusão.

As dificuldades apresentam-se em uma dimensão diferente para cada um, de acordo com suas habilidades em resolvê-las. Os problemas, se os tivemos, não serão os mesmos para outras pessoas. Então não deixe de aproveitar as oportunidades...

3 comentários:

  1. Anônimo10:32 PM

    prezado geraldo,
    teu relato já motivou minha mulher a treinar para fazer o circuito vale europeu... agora, achamos, nós dos jacus, que os portugueses andam interessados nele... aumentou o número de acessos do blog - que é relativamente acessado pelos amigos lusitanos... valeu pela super contribuição. os jacus agradecem e desejam muito pedal!!! m.doc do clubedeciclismodemontanha jacusde2rodas

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  2. Este percurso do Vale Europeu é uma delícia. Deve ser feito não uma, mas várias vezes, pois a cada passagem se descobre algo novo nas pequenas cidades.
    Vou defender o La Spezia que pode até ter a grafia errada, sei lá, não sei italiano, mas nome é nome e cada um escreve como quer. De toda forma é o melhor restaurante da região e, pela sua qualidade, poderia facilmente estar em quaquer cidade grande. O preço, é claro, acompanha...
    Bom caminho!

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  3. gdzierva7:32 PM

    Fiz o relato da minha viagem pelo Vale Europeu/SC, para que servisse de incentivo a outras pessoas e aproveitei para contar episódios engraçados que ocorreram.
    Numa leitura mais cuidadosa do relatório vamos entender que não é o nome La Spezia que estava errado. Sem polemizar, não sou adepto de estilo qualquer...

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